Como Nos Enganamos – Parte 2 – Heurística de Disponibilidade

Nesta segunda parte da série sobre como nosso cérebro nos engana, vamos falar sobre a heurística de disponibilidade. Vamos ver como podemos cometer erros até fatais por causa deste modo de processar as informações do mundo.

Veja aqui meu vídeo sobre este tema.

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Heurística é um atalho da mente, que funciona além da razão, além da plena consciência. É um termo para explicar como nosso cérebro, querendo economizar tempo e energia, pula etapas, faz uma gambiarra e nos apresenta com conclusões nem sempre muito confiáveis.

A heurística de disponibilidade faz com que alteramos nossa percepção da realidade baseando-nos no quão fácil nós conseguimos lembrar de um exemplo. Ou seja, o cérebro agarra o fato mais fácil de lembrar, o que está disponível na sua memória de imediato, para tirar conclusões gerais. Não todos os fatos, não as estatísticas, mas o que mais facilmente lembramos.

Isso faz com que fatos marcantes influenciam nossas decisões, distorcendo nossa conclusões.

Por exemplo: terrorismo. Muito se fala em medo dos terroristas, mas estatisticamente dizendo mais pessoas morrem com um coco caindo na cabeça do que de terrorismo. Pior, 55 vezes mais pessoas morrem com televisões caindo na cabeça do que com terrorismo! Até vacas são mais perigosas que terrorismo.

Transformamos um evento específico em uma regra geral. E aí tiramos conclusões, fazemos planos e tomamos decisões, com base em uma falsa percepção da realidade.

Os poderosos que querem manipular nossas opiniões, usam esta técnica. Repetem uma mesma mentira, vezes e mais vezes. Ao ter “disponível” esta mentira, este fake news, mais facilmente as pessoas aceitam e tomam decisões baseadas nesta mentira. Se quiser fazer as pessoas acreditarem em algo falso, basta repetir a mesma coisa vezes e mais vezes.

Exageramos as chances de algo ocorrer, se ouvimos falar sobre a coisa, mesmo em filme ou livros. Um estudo demonstrou isso. No estudo havia dois grupos. Para um grupo leram relatos e histórias envolvendo estupro e outros crimes violentos. Depois os pesquisadores perguntaram para cada grupo quais eram as chances desses crimes acontecerem. No grupo que foi exposto as histórias violentas, 90% superestimaram as chances de crimes com violência acontecer. Ao ouvir as histórias sobre essas coisas, o tema ficou em suas mentes e eles então mudaram sua visão do mundo com base nisso.

O termo que usam para isso é negligência de probabilidade. Ficamos com medo de algo menos provável acontecer, e ignoramos os riscos de algo mais provável acontecer. Por exemplo, mais pessoas tem medo de pegar um avião do que dirigir. Mas dirigir é muito mais perigoso que voar. De fato, dirigir é aproximadamente 86x mais letal do que voar!

Então esta heurística de disponibilidade pode fazer você se preocupar com algo que não merece sua preocupação e deixar de se proteger de algo que de fato lhe ameaça. Isso pode ser fatal!

Solução: nunca deixe de pesquisar. Sabendo que seu cérebro vai querer tomar este atalhos, quando for para tomar uma decisão mais importante, desconfie de sua conclusão imediata. Fure o atalho mental e pare para pensar, pesquisar e avaliar os dados verdadeiros. Tente basear seu planejamento em fatos, não em chutes mentais.

Outra técnica: coloque no papel esta pergunta: “esta aqui é a melhor decisão que tenho a tomar, ou simplesmente a decisão que me foi exposta mais frequentemente?”.  Ou seja, estou pensando assim simplesmente porque é isso que estou sendo condicionado a pensar, por que tenho sido exposto a esta informação (que pode ser falsa)? Fazendo assim, abrimos os olhos a novas respostas, novas possibilidades.

Concluindo, como temos enfatizado nessa séries sobre os vieses cognitivos, o ponto maior é ficar esperto, atento ao fato que nosso cérebro funciona desse jeito, criando atalhos, que podem nos deixar em apuros. Em específico, no que diz respeito a heurística de disponibilidade, vamos ficar cientes que somos influenciados não pela realidade objetiva, mas pelos fatos que chamam mais nossa atenção, que mais temos em mente, que mais foram repetidos para nós. Sabendo disso, paramos e pensamos, pesquisamos as estatísticas e fatos reais, para, assim, tomar decisões mais sábias.

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Uma opinião sobre “Como Nos Enganamos – Parte 2 – Heurística de Disponibilidade

  • 01/09/2020 em 13:20
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    A ideia de que o coco, a televisão e a vaca são mais perigosos do que o terrorismo, inicialmente é engraçada mas ao mesmo tempo ponto de reflexão. Como nossa mente é influenciada no momento de tomar decisões.Simplesmente agimos por comandos exteriores, estes muitas vezes nem sabem de nossas histórias e dificuldades. Outra questão interessante: pelos estudos que tenho a oportunidade de realizar me direciono a abandonar a consideração de que somos o centro do universo; pensando de que “comigo vai ser diferente”, “só acontece com o outro” ( belas fantasias!!). Agir com maior consciência , saindo da heurística da disponibilidade, dos atalhos facilitadores podem nos tirar debaixo de diversos coqueiros. Muito bom!!Gratidão, Mestre Giridhari.

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