Viveka: Como Ter Discernimento Para Não Errar

Como navegar tantas informações? Como nos guiar para não perdermos tempo ou tomarmos decisões ruins com conhecimento falho? Aqui vamos falar de como podemos guiar nossas vida, nossas escolhas, tanto nas questões materiais como espirituais.

Veja aqui meu vídeo sobre este tema.

YouTube player

Para ser feliz temos que aprender a distinguir as coisas, ter discernimento. Viver com informação errada é um atraso e até perigoso. Isso vale tanto para as coisas materiais como as espirituais.

No yoga tem um termo em Sânscrito importante – viveka. Significa distinguir. No yoga o termo tem um significado mais profundo, de saber distinguir matéria de espírito para assim pode atingir a iluminação. Saber a diferença do corpo e da alma.

Mas antes de chegarmos no plano espiritual, vamos falar sobre o plano material mesmo.

Vivemos o que está sendo chamado da “era pós-verdade”. Campanhas de desinformação crescem no mundo inteiro, utilizando as mídias sociais como ferramentas de manipulação.

Mais do que nunca, precisamos ficar espertos e desenvolver uma mente alerta, que consegue achar a verdade em meio a tanta mentira.

A primeira dica é você separar fatos de achismo, ou até mesmo de desinformação que está sendo propositalmente plantada para lhe manipular.

E como podemos fazer isso. Só tem um jeito: a ciência. A ciência é perfeita? Todo cientista é uma alma de luz incapaz de mentir ou se enganar? Não. Mas é o que existe para estudar a matéria, o mundo e as leis materiais. E funciona.

A ciência é a ferramenta que temos para encontrar os fatos sobre a matéria.

Quer saber se a mudança climática e os riscos de severas consequências são reais? Veja o que as cientistas climáticos concluem. Verá que 99% dos cientistas dizem que é verdade. Mas aí você vai acreditar no que os líderes políticos e religiosos lhe dizem?

Quer saber se meditar é bom? Veja as pesquisas da neurociência. Quer saber se um dado procedimento de saúde funciona? Pergunte aos médicos. Quer saber se homossexualidade é natural? Pergunte a biólogos.

De novo, não acredite o que uma pessoa diz, só porque é cientista. Veja o consenso, a conclusão vigente da comunidade científica. Qualquer cientista pode ser pago ou cooptado para dizer qualquer coisa, mas a comunidade científica como um todo é nossa melhor garantia para saber o que é o que, no mundo material.

E não é difícil saber. Uns minutos de pesquisa na web e poderá procurar as evidências. Verá que há sites sérios, Universidades, fontes de jornalismo sério e assim por diante. Não dependa de qualquer vídeo no YouTube, ou blogueiro. Muito menos de informação que chega pelo WhatsApp ou Facebook.

Se uma informação destoa desse consenso global, é provavelmente balela e você, ao guiar sua vida com esta informação está colocando em risco seu futuro, fará más escolhas, causando danos para você e outros.

O método científico trabalha cuidadosamente com fatos, teorias, previsões, comprovações para então serem publicadas em revistas especializadas para serem comprovadas por outros especialistas.

Infelizmente não damos suficiente atenção a ciência. Pode ver que os governos que mais manipulam a sociedade são aqueles que criam programas anti-ciência, cortam verbas para pesquisas e atacam conclusões científicas, sem, é claro, oferecer qualquer argumento científico. Só dizendo que é mentira, que é fake news, exagero, etc.

Como o astrofísico famoso, Neil deGrasse Tyson, disse, “O método científico…pode ser resumido em uma frase, que é tudo sobre objetividade: Faça o que for necessário para evitar auto-ilusões e pensar que algo verdadeiro não é, ou de que algo não verdadeiro é verdadeiro.”

Precisamos dessa objetividade para não sermos enganados pelos grandes interesses econômicos e políticos.

Mas e quanto a espiritualidade?

Primeiro, devemos entender que a ciência é brilhante para estudar o mundo material, mas nada pode nos dizer sobre a transcendência. Por definição, transcendência é aquilo que vai além da matéria. Então, algo que estuda a matéria não pode lhe falar sobre a transcendência.

Falei sobre o erro de buscar o espiritual na ciência, na matéria, neste artigo.

Algumas pessoas pensam que ciência é anti-religião. Mas isso não é verdade. Pesquisas mostram que há muitos cientistas religiosos, chegando a ser maioria em muitos países. A religião não impede que alguém seja um grande cientista, nem tampouco a ciência desmente Deus. Um cientista que tenta usar sua posição para expor sua filosofia anti-teísta, como Richard Dawkins, é tão tolo como um religioso fanático que tenta expor sua visão anti-ciência.

Na busca espiritual temos que ficar igualmente atentos para não aceitar qualquer informação que nos chega. Temos que buscar uma ciência espiritual.

Um parâmetro que eu usei, que me serviu muito bem, e que é recomendado no yoga, é entender que um conhecimento transcendental precisa ser revelado. Ele precisa ser aquilo que chamamos de um “conhecimento descendente”. Um conhecimento que vem dentro de uma grande tradição, trazido por um avatara.

YouTube player

Por exemplo, a Bhagavad-gita, o texto básico do yoga, é Krishna vindo ao mundo para explicar a ciência espiritual do yoga. Lá Ele fala, “perdeu-se esse conhecimento, então vim novamente para re-apresentá-lo”. Faz sentido: quem pode falar sobre Deus? Só Deus mesmo. Depois que Ele falou, aí podemos repassar o que Ele falou. Mas, de outra forma, como alguém poderá falar sobre Deus?

Se você quer um conhecimento transcendente, você precisa de uma fonte de conhecimento transcendental.

Espiritualidade necessita de bom-senso. Use sua inteligência. Não é para simplesmente acreditar, aceitar cegamente. Veja se faz sentido.

Um grande guru medieval da linhagem que eu sigo, Rupa Goswami, dizia que aceitar cegamente é tão ruim quanto rejeitar cegamente. O correto é pensar seriamente, tirar suas dúvidas e aí colocar em prática.

O conhecimento transcendental é revelado, mas isso não quer dizer que não tem que fazer sentido. Tem que melhorar a explicação da realidade, não piorá-la. Tem que ser algo que traz mais sentido para a experiência da vida.

Diria mais: tem que fazer você uma pessoa melhor e o mundo um lugar melhor. Uma religião que faz as pessoas violentas, preconceituosas, enchendo-as de medo, precisa ser vista como uma expressão da ignorância, uma distorção da realidade espiritual.

Recebemos o conhecimento revelado e o testamos com a experiência da vida, com razão. Tem que oferecer resultados concretos, como maior bem-estar, maior paz, maior equilíbrio interno, mais resiliência e levar a experiência transcendental.

Outro ponto é entender que conhecimento espiritual é antigo. Deus não deixaria o mundo sem conhecimento espiritual, como a Bhagavad-gita, de mais de 5000 mil anos atrás, demonstra. Assim, veja com suspeita revelações novas. Pessoas que se dizem ser Deus, ou que dizem estar canalizando este ou aquele ser e agora vão lhe dar todo um conjunto de ideias nunca antes vista. Ninguém precisa reinventar a roda e avataras não aparecem a torto e a direito. É um evento raro e sério.

Cabe a cada um pesquisar as diferentes grandes tradições religiosas. Veja qual caminho mais lhe faz sentido, que mais lhe traz respostas racionais, executáveis e eficazes. Dentro de cada tradição, veja qual guru, pastor, rabi ou linha mais faz sentido, parece-lhe ser mais fiel a mensagem original.

Portanto, arme-se com conhecimento, faça uso de fontes sérias de conhecimento tanto material como espiritual. Não fique à mercê das campanhas de desinformação, nem tampouco a mercê de charlatões religiosos. O mundo precisa urgentemente de mais e mais pessoas assim, inteligentes e atentas.

2 opiniões sobre “Viveka: Como Ter Discernimento Para Não Errar

  • 01/10/2019 em 10:31
    Permalink

    Agradeço o compartilhamento, a clareza e objetividade das ideias. Como disse Helena Blavatsky: “não há religião superior à verdade”. Da mesma forma, acrescento que não há ciência superior à verdade; portanto, nenhuma ideia é superior à verdade. Namaste

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

8 − sete =