Dois Tipos de Pessoas

Podemos simplificar a visão do mundo e ver que existem dois tipos de pessoas. Isso nos ajuda a entender as diferenças de pensamento e visão da vida, como também entender porque o mundo está do jeito que está hoje.

Veja aqui meu vídeo sobre este tema.

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O primeiro tipo é aquele que vive na superfície. É o tipo de pessoa que vive por objetivos extrínsecos: as conquistas mundanas, os títulos, poder, fama e dinheiro. Sua vida se resume a se dar bem, a acumular e ganhar. Vive para ganhar dos outros e se aproveitar e usar os outros. Entre eles é comum a arrogância, ira, orgulho e uma gritante falta de compaixão e empatia.

Na tradição do yoga, eles são chamados de asuras e suas vidas são dominadas pela ansiedade, falta de paz e raiva.

E há outro tipo de pessoa que, mesmo que uma única vez, se aventurou para dentro. Abaixo da superfície. Lá experimentou a realidade profunda. Sentiu a existência da vida baseada nos valores intrínsecos. Melhor ainda, experimentou sua natureza verdadeiramente espiritual. Foi tocado pela luz. São as pessoas no caminho do despertar. Os yogis.

O primeiro tipo não entende a visão do segundo tipo. Quem nunca viveu além da superfície até ridiculariza quem se guia por valores e espiritualidade. Eles acham que é tudo balela. Frescura. Inútil.

Eu sei porque eu fui assim! Não conseguia entender a devoção, a fé, a importância do propósito.

Mas quando temos a graça do gosto superior, tudo muda. Veja como foi minha história aqui.

Krishna fala na Bhagavad-gita desse estado de quem vê ou experimenta algo além, traduzido poeticamente pelo grande mestre Srila Prabhupada como “o gosto superior”. Uma vez tendo este gosto superior entendemos que nada o supera.

Quem teve esta visão interna compreende que a experiência do “eu” é uma experiência superior a qualquer prazer ou situação na superfície. Voar de jatinho, os maiores títulos, dinheiro, sexo incrível… nada se compara ao gosto superior.

Por isso que quem começa nesse caminho, entende que precisa ir mais fundo. Entende que precisa viver cada vez mais na visão profunda, além da superfície. Na linguagem do Caminho 3T seria viver uma vida baseada no aqui e agora, no propósito e na devoção

Uma pessoa com essa visão sabe que é melhor sacrificar o ganho na superfície pela conquista interna. É melhor viver o dharma e ser a melhor pessoa que pode. Nunca vale a pena “vender a alma”, ou seja, sacrificar seus valores para conquistas mundanas.

O problema é que para chegar no topo do mundo político ou do mundo empresarial, as pessoas em geral precisam sacrificar tudo. São, em geral, pessoal dispostas a vender a alma mesmo, para conseguir o poder, fama e dinheiro. Se um não sacrifica, tem 10 na fila dispostos a sacrificar.

Até o simples ato de abrir mão de tudo na vida pelo trabalho, colocando 12-14 horas por dia no escritório, já é uma violação do dharma, uma violência contra o “eu”, mas obrigatório para chegar no topo no mundo corporativo.

E na política nem preciso falar. Não só vale tudo para chegar no poder, mas parece obrigatório o abandono quase que completo da verdade, da moralidade e da compaixão. Não só no Brasil, mas em todos os países.

Então, vivemos uma situação curiosa.

O mundo está no poder dos asuras, das pessoas que nem sequer concebem da visão interna, que zombam de valores e espiritualidade. Mas o número dos despertos aumenta.

Aos poucos vamos influenciando mesmo os asuras. Veja, por exemplo, a questão ecológica. Devido a crescente consciência ecológica, os políticos precisam ajustar seu discurso para incluir políticas ecológicas. As grandes empresas fazem pelo menos um discurso de serem ecológicas. Não porque se preocupam. Não estão nem aí. Mas fazem para garantir seus objetivos extrínsecos de mais votos e mais clientes.

E aos poucos, muito aos poucos, vamos ver os yogis infiltrando o poder. Eu já percebo isso. Conheço pessoa no poder, como juízes, empresários, e diretores de grandes empresas, que estão se despertando. Infelizmente não conheço nenhum político eleito assim, mas me resta a esperança.

Cabe a nós fazer nosso papel. Viver nossa integridade, nosso despertar. Um por um, vamos aumentando nossos números. Unidos na luz, vamos mudar o mundo, um passinho de cada vez.

6 opiniões sobre “Dois Tipos de Pessoas

  • 29/10/2019 em 13:23
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    “Cabe a mim fazer meu papel. Viver minha integridade, Meu despertar.”

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  • 29/10/2019 em 14:34
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    Olá Giridhari, seu texto é muito bom, como sempre. Mas discordo dessa visão extremista. Vejo o caminho externo uma parte da jornada para se perceber o caminho interno. E nem sempre quem está buscando valores externos abre mão de uma postura correta e de boa índole. Na verdade acredito que os verdadeiramente bem sucedidos em qualquer área, espiritual ou material, sejam pessoas alinhadas com o bem. É impossível ser feliz sem a harmonia interna, mas creio que você já saiba de tudo isso. Entretanto existem sim, diversas pessoas em “posições de poder” que são tolas e cegas. E realmente, nesse mundo, são cegos seguindo cegos, e no final todos caem. E quem segue o caminho espiritual já tem como pré requisito saber que escutar o chamado interno e fica à parte da maior parte da sociedade e seus valores invertidos é uma das habilidades necessárias e prova de capacidade. Abraço

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    • 29/10/2019 em 15:33
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      Eu discordo de sua visão que as pessoas em posição de liderança no mundo são “alinhadas com o bem”. Não sei bem a quem está se referindo. Nem tampouco é uma visão “extremista”, talvez tenha despercebido a primeira linha onde falei que era uma simplificação. Há uma diferença em ser extremista e passar uma visão simplista para fins didáticos.

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      • 29/10/2019 em 20:41
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        Não disse que pessoas em “posição de liderança” seriam alinhadas com o bem, disse pessoas bem sucedidas. E posso citar várias. E se alguém não está alinhado com o bem já fracassou, primeiro internamente e depois essa energia passa para o exterior. E nem todos que ainda não despertaram para o lado espiritual querem “se dar bem” às custas dos outros. Exemplos, Warren Buffett, ganhou bilhões, é extremamente frugal e dia boa parte de sua fortuna. Sempre foi assim, e assim como ele, muitos outros usaram todos os frutos de seu trabalho para fazer o bem ao próximo. Bill gates atua em diversas causas, procura solução para diversos problemas no mundo e usa sua influência de forma positiva no mundo. Por isso disse que não concordo com essa ‘simplificação’. Na verdade acho que, tirando excessões, muitos deles têm muito a ensinar, e vejo diversas pessoas mais simples, que não ascenderam socialmente, que passam o dia em reparar a vida do próximo e aparentemente não agregar muito ao todo. E esses sim são maioria

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        • 30/10/2019 em 09:29
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          Sim, há bons exemplos. Mas acho surpreendente sua visão que as pessoas bem sucedidas em geral tem essa visão profunda. Seria lindo, mas claramente não é o mundo que temos hoje. Os líderes empresariais e, especialmente, políticos estão destruindo o mundo. A situação do mundo é gravíssima. E, sim, claro, muitas pessoas fracassadas, sem sucesso material, também estão cegas a verdade, vivendo de forma egoísta e destrutiva.

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