Dharma e Karma – Qual a Ligação?

Existem dois termos bem importantes no caminho do yoga: dharma e karma. Muitas e muitas vezes, recebo a pergunta: “Qual a ligação dos dois termos?”. Aqui vou explicar em termos simples o que significa cada um e como eles se relacionam.

Karma significa “ação” em sânscrito. A lei do karma é, portanto, a lei da ação. Além da lei newtoniana de ação e reação regendo o mundo físico, existe outra lei de ação e reação afetando a experiência das almas corporificadas. A lei do karma deve ser compreendida como uma das leis da natureza, atuando no plano metafísico.

Dharma é um conceito muito rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será no dharma como aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo imposto. A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele dever que nasce de quem você realmente é, que nasce de sua natureza. Não é uma imposição externa ou social. É o que você precisa fazer, em qualquer dado momento, para ser a melhor pessoa que você pode ser. É fazer a coisa certa na hora certa. Ser dhármico é mais do que simplesmente fazer o que é bom ou evitar uma conduta danosa ou violenta, embora isso certamente esteja incluído no conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista do que se deve evitar. O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida. Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo para o outro. Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos dizeres: “Não pergunte o que o mundo pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo mundo”.

A lei do karma é um sistema educacional construído na natureza, projetado para ajudar a alma corporificada a aprimorar seu comportamento moral, ou dhármico. Toda ação que você realiza tem uma qualidade moral associada a ela. Essa foi a ação certa a ser desempenhada, ou, em outras palavras, estava dentro do seu dharma fazer isso? Se estava, fez com atenção, com cuidado? Ou, para simplificar: você fez o seu melhor? Em caso positivo, você gerou um resultado positivo proporcional. Se você fez o contrário, você obtém um resultado negativo proporcional. Outra maneira de se explicar: a lei do karma coloca um espelho diante de você. Você recebe o que você dá. Ou, como a Bíblia diz, “você colhe o que você planta”.

As reações produzidas chegam na forma de objetos, fatos e situações na vida. Tudo – tudo mesmo – acontecendo em sua vida, como seu DNA, seu status social, sua conta bancária, sua situação empregatícia, vizinhança, o planeta e a galáxia onde você mora, saúde e tudo que você tem são resultados de suas atividades passadas. Toda a configuração da realidade externa em sua vida, em todos os momentos, é uma reação cármica. A única exceção a essa regra é a intervenção divina. Quanto mais você desenvolve sua espiritualidade, e sobretudo sua devoção a Deus, mais seu karma pode ser ajustado por Deus para estar em conformidade com sua elevação espiritual. É como obter um perdão real ou presidencial. Você foi julgado e condenado, mas o poder governamental do país perdoa seu crime. Ou, para dar um exemplo ainda melhor, se você se revela um aluno excepcional, isso pode despertar na escola um interesse especial por sua educação, fazendo com que ela ajuste sua grade para ajudar você a desenvolver plenamente suas capacidades.

Assim, dharma mostra o que deveria ser feito. Karma, no sentido da Lei do Karma, seria a reação que se obtém de acordo com quão “dhármica” foi sua ação. Quanto mais próximo do seu dharma, melhor a reação material, melhor o karma que será acumulado. Quanto mais longe do dharma, pior a reação, pior o karma acumulado.

O yogi, porém, não quer karma algum. Karma nos prende a rede de nascimentos e mortes. Yoga, no seu nível mais primário, é a técnica para vencer e eliminar seu karma de uma vez por todas e assim se liberar.

O yogi então vai seguir seu dharma, mas agora como uma oferenda a Deus, sem desejo de resultado algum material. Esta técnica predomina os ensinamentos de Krishna a Arjuna na Bhagavad-gita e é chamada de karma-yoga. Três pontos chaves para transformar uma ação comum numa ação transcendental em karma-yoga: 1) estar alinhado com seu dharma, 2) fazer como uma oferenda a Deus e 3) ficar no aqui e agora, sem desejar o resultado futuro da ação. Assim, você não acumula karma algum na atividade e gradualmente se liberta da existência material.

No livro, “O Caminho 3T” (www.3T.org.br) eu explico em grande detalhe o que é dharma, o que é a Lei do Karma e o que é karma-yoga.

Veja aqui meu vídeo sobre este tópico.

YouTube player

 

Veja o que estão falando do livro “O Caminho 3T”: “O leitor tem em mãos o guia ou caminho das pedras para a verdadeira transcendência.” – Enéas Guerriero (Iswara dasa), autor, palestrante, life and spirit coach

2 opiniões sobre “Dharma e Karma – Qual a Ligação?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

13 − dez =