Como Lidar Com o Abalo Emocional de um Crime Violento

Vivemos com muita violência ao nosso redor. Sabemos do horror de ser vítima de um crime. Mas aqui vamos falar do profundo abalo emocional de ter um crime acontecendo diante de nós, com pessoas que conhecemos e com quem vivemos. Vamos ver como encontrar a cura e como usar essa energia pesada para nosso avanço.

Veja aqui meu vídeo sobre este tema.

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Eu recebi duas mensagens, quase que seguidas, de pessoas que estavam sofrendo, pedindo ajuda para superar o abalo profundo de um ato violento próximo a elas.

A primeira relatou que uma de suas vizinhas foi estuprada em casa. A outra que viu, de sua casa, um homem sendo esfaqueado no pescoço e morrendo.

Tremenda e perturbadora violência, do lado de casa. Isso é muito forte. Isso afeta uma das mais profundas necessidades psicológicas humanas, que é de sentir segurança. Segurança é uma necessidade primal do ser humano.

Nossa necessidade psicológica por segurança está codificada em nosso cérebro. Não podemos jamais pensar que é possível ser feliz sem este sentimento de segurança. O abalo emocional do crime é real, profundo e precisa ser levado muito à sério.

Então o primeiro passo é ter o cuidado de não fingir que esta ferida emocional não é séria. Como toda ferida emocional, é fundamental não cair na tentação de querer esconder o sentimento ou minimizar seu impacto na nossa vida.

Da mesma forma que acompanhamos com atenção e cuidado feridas físicas, temos que acompanhar com atenção e cuidado as feridas emocionais.

Uma ferida física séria que não recebe tratamento fica infecionada, se espalha, causa mais dor e sofrimento e pode levar a morte. O mesmo vale para feridas emocionais.

Uma técnica cientificamente comprovada, que é útil nesse processo, é escrever o sentimento. Neste artigo e vídeo eu explico como funciona – https://giridhari.com.br/ensinamentos/tecnica-para-reduzir-ansiedade/

Traga o sentimento para a luz de sua consciência. Reconheça a ferida. E aí deixe fluir. Sentiu de novo a pontada dos sentimentos, traga novamente a luz, reconheça a ferida. E deixe fluir. Vezes e mais vezes.

Imagine que está limpando um carro coberto com muita lama. Mas só te dão um balde de água de cada vez. A cada balde, melhora um pouco, mas não dá para limpar tudo de uma só vez. Então vamos limpando, pouquinho de cada vez. Chegará o momento que acabará. Assim é com feridas emocionais profundas.

Reconheça, limpe, deixe fluir. Repita até não surgir mais.

O segundo passo é tirar aprendizado.

Podemos usar a energia forte do trauma para nos levar em direção a luz e sabedoria transcendental.

Podemos constatar que estamos mesmo num mundo cheio de violência e dor. Podemos observar que estamos encarnados num corpo material delicado, cheio de potencial para dor e sofrimento. Podemos perguntar: quem sou eu mesmo? Como vim parar aqui? E como faço para não me encontrar nessa situação tão delicada e problemática de estar encarnado?

Se você estudar a linha do yoga vai encontrar mais explicações. Vai entender que o sofrimento é fruto do carma de ações ruins. Vai entender que está aqui porque você está tentando tirar prazer da matéria, que não é seu lugar, não é seu lar.

Você vai entender que a energia material não é sua energia, não combina com você. Que você é uma alma eterna, feita de outra energia, a energia espiritual.

Você é luz, a matéria é escuridão. Você pode trazer luz para a matéria mas em última instância não pertence nesse nível denso da realidade.

“Estou numa situação complicada, delicada, como fui me meter nessa roubada?”

Então com isso você trabalha seu despertar. Você usa o impacto profundo do acontecimento para impulsionar sua busca e avanço espiritual. Você precisa usar sua vida humana para vencer esse ciclo cármico, para não mais nascer aqui.

E você entende que esses acontecimentos ruins têm um propósito dourado. Você entende que infelizmente se fazem necessários para que haja o aprendizado dos erros passados, para que haja a busca pela solução definitiva espiritual.

A violência que sofremos ou vemos deve ser ímpeto ao cultivo da paz, da não-violência em nossas vidas.

Outra realização importante é a não-permanência das coisas. A morte que vemos ao nosso redor, o que dizer de testemunhar de frente, é o grande guru para nos ensinar que tudo é impermanente.

Devemos viver sabendo que a qualquer momento eu posso desencarnar. Por isso eu não devo me apegar a matéria, mas sim valorizar o que realmente importa, as coisas internas. Devo valorizar meu dharma, meu despertar espiritual.

O sentimento de impermanência me leva a me concentrar em emanar amor, em aproveitar cada dia para fazer meu melhor, para viver minha essência.

Até porque eu entendo que quanto mais fizer o bem, mais me protegerei de violência no futuro, pois não existe injustiça. A Lei do Karma está agindo. Quanto mais eu cultivar a sabedoria, a paz, o bem e a devoção, mais eu queimo as reações cármicas que mereceria, explica Krishna na Bhagavad-gita.

E, por último, vem o aspecto prático. Vem o questionamento: será que devo morar aqui? Será que posso morar num lugar mais seguro? Será que posso me proteger melhor?

Melhor ainda, o que posso fazer para ajudar a sociedade? O que eu posso fazer para diminuir a violência no mundo?

Concluindo, usamos a forte energia do trauma para buscar nosso avanço pessoal e o avanço da sociedade como um todo. Recebemos escuridão para emanar luz.

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